domingo, 1 de junho de 2008

Resumo & Comentários do Livro Riqueza Revolucionária Capítulo 05

Livro: Riqueza Revolucionária: O Significado da Riqueza no Futuro
Autores: Alvin e Heidi Toffler
Editora: Futura
Editado em 2007
Resumos e Comentários Feitos Por: Mauro Cesar Leite de Oliveira

Parte 3 – Reorganizando O Tempo

Capítulo Três: O Choque de Velocidades:

Coletâneas:
=> Nações do mundo todo se esforçam – em ritmo e velocidades diferentes – para construir economias avançadas e prósperas. No entanto, o que a maior parte dos homens de negócio, políticos e líderes civis ainda não entendeu claramente é um fato muito simples: uma economia avançada precisa de uma sociedade também avançada para sustentá-la, pois toda economia é produto da sociedade na qual está inserida e depende de suas instituições-chave.
=> Em todo o planeta, por exemplo, as instituições feudais impediram o progresso da era industrial. Da mesma forma, hoje as burocracias da era industrial estão emperrando o progresso do sistema de riqueza baseado em conhecimento.
=> Trens do Tempo
=> Devemos considerar que os seres humanos e a sociedade são, na verdade, sistemas abertos e imperfeitos. Em nossa vida e em nossas sociedades, regiões de caos e de ordem se alternam – e nós precisamos de ambas -, criando regiões de estabilidade temporária.
=> Preparando Para Usar o Radar
=> Podemos focar a velocidade e rapidez da mudança. Devemos iniciar criando a imagem mental de uma auto-estrada. No acostamento está um policial sentado em sua motocicleta, apontando um radar para a pista e monitorando tudo o que acontece. Nove carros circulam na estrada, cada um representando uma grande instituição americana. Cada carro viaja a uma velocidade que simula a verdadeira velocidade de mudança assumida pela instituição. Comecemos pelo que trafega na maior velocidade. Então, preparados para usar o radar?
# 100 Km/h:
Correndo a100 km/h em nossa auto-estrada figurativa está um carro representando a instituição que muda mais rapidamente nos Estados Unidos hoje em dia – a do mundo dos negócios e grandes corporações. Essa instituição, na verdade, é o principal driver de várias transformações que ocorrem em toda a sociedade. As corporações não apenas estão se movendo com maior agilidade e rapidez, mas também obrigam seus fornecedores e distribuidores a fazerem o mesmo, impulsionados pela competição acirrada do ambiente que vivem.
Como resultado, encontramos corporações apressando-se para alterar sua missão, seu funcionamento, seus ativos, produtos, tamanho, tecnologia, a natureza da força de trabalho, seu relacionamento com os clientes, sua cultura interna e praticamente tudo o mais que lhe diga respeito. Cada uma dessas esferas, porém, muda em ritmo diferente.
No mundo dos negócios, a tecnologia sai à frente – em um passo muitas vezes mais rápido do que administradores e funcionários podem acompanhar. As finanças também estão se reinventando com uma rapidez espantosa, em resposta não apenas à nova tecnologia mais aos esc6andalos, às novas leis, diversificação de mercados e maior volatilidade financeira. Nesse ínterim, a contabilidade e outros sistemas de auditoria “correm” para se manter atualizados.
# 90 Km/h:
Existe um carro vindo logo atrás do carro dos negócios e corporações e seus ocupantes podem surpreender a todos. A instituição número dois, conforme concluímos, é a própria sociedade civil contemplada no âmbito de sua coletividade.
A sociedade civil é um setor que está florescendo cada dia mais, composto de milhares de organizações não-governamentais (ONGs), coalizões pró-negócios e antinegócios, grupos profissionais, federações esportivas, ordens católicas e mosteiros budistas, associações de fabricantes de plásticos, ativistas políticos, cultos, ambientalistas e defensores da natureza, entre outros.
A maior parte desses grupos concentra-se em exigir mudanças – no ambiente, nas leis governamentais, nos gastos públicos, na lei de zoneamento local, nos fundos de pesquisas para doenças, nos padrões de alimentação, direitos humanos e milhares de outras causas. Porém, é preciso considerar que existem outros que são literalmente contra certas mudanças e farão tudo o que puderem para evitá-las ou, pelo menos, desacelerá-las.
Utilizando processos legais, como passeatas, piquetes e outros meios, os ambientalistas, por exemplo, conseguiram retardar a construção de usinas atômicas nos EUA, adiando a conclusão dessas obras e fazendo os custos legais subirem a ponto de se tornarem potencialmente inviáveis. Quer concordemos ou não com o movimento antinuclear, ele ilustra bem como a utilização do tempo e do movimento adequado pode se transformar em uma poderosa arma econômica.
Como as ONGs tendem a ser compostas de unidades pequenas, rápidas e flexíveis, organizadas em redes, elas podem se posicionar em círculo ao redor das grandes corporações e instituições governamentais. Além do mais, de forma geral, um ponto importante a salientar é que nenhuma outra instituição-chave da sociedade americana se aproxima da velocidade de mudança que encontramos nesses dois setores: corporações e sociedade civil.
# 60 km/h:
O terceiro carro também tem ocupantes surpreendentes. Nele encontramos a família americana.
Por milhares de anos, o ambiente familiar típico em quase todas as partes do mundo abrigava inúmeras gerações da mesma família. Mudanças significativas só começaram a ocorrer quando os países de industrializaram, o que implicou o surgimento de famílias menos numerosas. O modelo nuclear de família, mais aplicável às condições industriais e urbanas, tornou-se dominante.
Ao final dos anos 60, os peritos insistiram que a família nuclear – oficialmente definida como aquela composta por um pai trabalhador, mãe dona-de-casa e dois filhos menores de 18 anos – jamais perderia seu domínio. Hoje, porém, menos de 25% das famílias americanas se encaixam nessa definição.
Pais solteiros, casais cuja união não é oficial, pessoas casadas pela segunda, terceira, quarta vez (ou até mais), com filhos de outros relacionamentos, casamentos entre idosos e, mais recentemente, uniões civis legalizadas entre pessoas do mesmo sexo surgiram e se tornaram comuns na sociedade. Em algumas décadas, portanto, o sistema familiar – que até então era o que mudava mais lentamente na sociedade – terá se transformado radicalmente. E outra mudança ainda mais rápida está a caminho.
Hoje em dia, enquanto corporações estão terceirizando quase todas as funções, as famílias esforçam-se para incorporar parte dessas funções em seu dia-a-dia. Para milhares de famílias americanas, por exemplo, o trabalho já voltou a ser realizado no ambiente doméstico, seja em meio período, seja em tempo integral. A mesma revolução que permitiu que as pessoas voltassem a trabalhar em casa também possibilitou que elas fizessem suas compras, acompanhassem seus investimentos e os movimentos de alta e baixa dos mercados de ações e muitas outras coisas, sem precisar sair do reduto doméstico.
A educação se mantém “trancada” na escola e em outras instituições de ensino, mas provavelmente acabará por migrar, ainda que de forma parcial, de volta ao lar, beneficiada pelo rápido acesso à internet, pelas comunicações propiciadas pelas redes sem fio e outras tecnologias que se disseminaram pela sociedade. O cuidado com os idosos é algo que também deve retornar às mãos da família, patrocinado pelo governo e pelos seguros-saúde particulares, que procuram reduzir os altos custos das clínicas de repouso e das hospitalizações.
O fato é que o modelo de família, a frequ6encia de divórcios, a atividade sexual, relacionamentos entre as gerações, formas de relacionamentos, educação dos filhos e outras dimensões da vida familiar estão mudando em ritmo acelerado.
# 30 Km/h:
Se as corporações, as ONGs e a organização familiar estão mudando com tanta rapidez, como reagem os sindicatos de trabalho e as associações de classe?
Há meio século, os EUA estão fazendo a transição da era do trabalho mecânico e braçal para a era do trabalho mental, das habilidades intercambiáveis para não-intercambiáveis e de tarefas que exigem repetição cega e mecânica para tarefas mais inovadoras e criativas. O trabalho é algo cada vez mais flexível, podendo ser realizado em aviões, carros, hotéis e restaurantes. Em vez de ficarem em uma única organização com os mesmos colegas de trabalho por anos a fio, os indivíduos estão trocando as equipes de projetos fixas por forças-tarefa e grupos de trabalho, nos quais existe o rodízio contínuo de profissionais. Muitos são autônomos ou agentes independentes – diferentemente dos funcionários legalmente contratados de autrora. As corporações estão mudando a 100 km/h. Ainda assim, os sindicatos americanos permanecem imobilizados, sobrecarregados com o legado das organizações formais e atravancados por métodos e modelos que remontam aos anos 30 e à era da produção em massa.
Em 1955, os sindicatos de trabalho nos EUA representavam 33% da força de trabalho. Hoje esse número é de apenas 12,5%.
# 25 Km.h:
Arrastando-se pela pista da direita estão às burocracias e as agências reguladoras do governo, os grandes elefantes brancos.
Com muita prática em rechaçar críticas e adiar mudanças, as burocracias piramidais administram os interesses governamentais em todos os lugares do mundo. Os políticos sabem que é mais fácil iniciar uma nova burocracia do que encerrar a antiga, não importa quão obsoleta ou descabida ela seja. O problema é que elas não apenas mudam lentamente, mas também emperram o passo das demais instituições, impedindo-as de responder às condições de mudança rápida vivenciada pelo mercado.
# 10 Km/h:
Mas até mesmo os lentos burocratas, quando olham pelo espelho retrovisor, são capazes de divisar outro carro logo atrás deles. Esse retardatário se arrasta pela estrada com um pneu furado e muita fumaça saindo do radiador, complicando todo o tráfego ao seu redor. Será possível que manter esse velho calhambeque custem mesmo 400 bilhões de dólares aos cofres públicos?!
A resposta é sim. Esse é o custo anual do sistema educacional americano!
Projetadas para a produção em massa, com um sistema operacional similar ao das fábricas da era industrial, administradas burocraticamente e protegidas por interesses de poderosos sindicatos e políticos que dependem dos votos de professores, as instituições educacionais americanas são o reflexo perfeito da economia do início do século passado. O melhor que pode se dito a seu respeito é que elas não são piores do que as escolas que existem em outros lugares do mundo.
Enquanto os negócios corporativos são administrados e diretamente modelados pela competição acirrada e pelas mudanças constantes do ambiente em que são inseridos, os sistemas de ensino público são monopólios ferozmente protegidos por interesses de vários grupos. Exatamente por isso, muitos pais, professores inovadores e a mídia clamam por mudanças. Ainda assim, a despeito de um número crescente de novas experiências educacionais, o modelo padrão da educação pública americana continua a ser o da escola estilo fábrica, projetada para atender aos interesses e necessidades da era industrial.
A questão é: como um sistema educacional que se move a 10 km/h pode preparar alunos para empregos em corporações que trafegam e mudam a 100 km/h?
# 5 Km/h:
Nem todas as instituições com problemas e descompassos são nacionais. Devemos ter em mente que a economia mundial é muito influenciada, direta ou indiretamente, pela governabilidade e regras de relacionamentos globais – inúmeras organizações intergovernamentais, como as Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional, a OMC e outras entidades menos visíveis estabelecem regras para atividades e relacionamentos internacionais.
Algumas existem há mais de um século. Outras surgiram há aproximadamente 75 anos, na época da Liga das Nações. A maior parte – a OMC e a Organização Mundial da propriedade Intelectual são exceções -, porém, foi criada depois da Segunda Guerra Mundial, meio século atrás.
A soberania nacional, atualmente, é desafiada por novas forças. Novos players e novos problemas estão chegando ao cenário internacional. No entanto, as estruturas burocráticas das organizações intergovernamentais continuam as mesmas de quando foram criadas.
# 3 Km/h:
Movendo-se ainda mais lentamente estão as estruturas políticas dos países ricos. As instituições políticas americanas – desde o Congresso e a Casa Branca até os próprios partidos políticos – estão sendo bombardeados por exigências de um número cada vez maior de diferentes grupos, todos esperando reação mais rápida eficiente dos sistemas originalmente habituados ao debate e discussão sem pressa e à indolência burocrática.
O sistema político atual não foi projetado para lidar com a alta complexidade e com o ritmo frenético de uma economia baseada em conhecimento. Partidos e eleições podem ir e vir. Novos métodos para arrecadar fundos e fazer campanha estão surgindo, mas mesmo nos EUA, onde a economia do conhecimento é mais avançada e a internet permite que novos distritos eleitorais se formem quase instantaneamente, mudanças significativas na estrutura política acontecem com uma lentidão tamanha que são quase incompatíveis.
# 1 Km/h:
O que nos leva, finalmente, a mais lenta de todas as instituições: as leis. As leis constituem-se de duas partes: a organizacional – cortes, associações de tribunais, escolas de direito e firmas de advocacia; e o corpo verdadeiro dessas leis, que são interpretadas e defendidas pelas organizações que citamos.
Enquanto os grandes escritórios de advocacia e consultorias jurídicas americanos estão mudando rapidamente – promovendo fusões e associações, investindo em publicidade, desenvolvendo novas especialidades, tais como leis da propriedade intelectual, realizando teleconfer6encias, globalizando e lutando para adaptar-se a novas realidades competitivas -, os tribunais americanos e as faculdades de direito permanecem basicamente inalterados. E o ritmo no qual o sistema opera permanece na idade da pedra, com casos importantes arrastando-se pelas cortes por anos a fio.
Sem sombra de dúvida, a lei é algo que deve mudar lentamente. Afinal, ela fornece o grau necessário de previsibilidade para a sociedade e para que a economia funcione, acionando certos feios em tempos de crescimento e controlando mudanças sociais excessivamente rápidas. Mas como, de fato, esse “lentamente” se traduz?
Leis críticas que afetam diretamente a economia em campos como direito autorais, patentes e privacidade continuam desatualizadas. A economia do conhecimento emergiu não por causa dessas leis, mas apesar delas. Isso não é estabilidade ou imobilidade. É rigor mortis legal.
Os advogados podem até estar mudando a forma de trabalhar, mas as leis, per se, continuam inertes.
=> Inércia x Hipervelocidade
=> Será que a economia “infobiológica” do século 21 continuará avançando a essa hipervelocidade ou as instituições sociais lentas, burocráticas e obsoletas conseguirão atravancar o progresso?
Poucos problemas serão mais desafiadores do que o disfuncionalidade do crescimento sistêmico de tantas instituições interdependentes – mas totalmente dessincronizadas entre si.
=> Em todos os lugares do planeta, em todos os níveis e situações sociais e econômicas – isto é, famílias, empresas, indústrias, economias nacionais e o próprio sistema global -, vivenciamos a maior transformação já ocorrida na relação entre a criação de riqueza e os fundamentos profundos do tempo.


Comentários do Mauro
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Abraços

Mauro Cesar
Mauro.oliveira@vilelaleite.com.br

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